A opinião de ...

Pascoa 2022 do deicídio no calvário, ao genocídio na Ucrânia

Há bem pouco tempo atrás, ninguém ousaria prever que, depois de muitas outras Páscoas passadas, vividas como esta em condições nada fáceis, e dois milénios depois da crucificação e morte de Jesus às mãos dos poderes de então, em pleno século XXI, o mundo fosse obrigado a celebrar as alegrias pascais ensombrado por um sentimento de estranha tristeza, numa espécie de continuação do espírito da sesta feira santa, revivendo no pavor estampado no rosto das crianças ucranianas e nas lágrimas derramadas pelas suas mães, toda a dor e todo o sofrimento da “Mater Dolorosa”, ajoelhada aos pés da cruz donde pendia o seu divino filho, cujo sofrimento redentor, também ela, banhada em lágrimas, partilhou até à última gota, naquela hora tão solene na qual, irmanados em Cristo morreu também um pouco de todos nós.
De novo, neste cenário dantesco de destruição e de morte, em que todas as forças do ódio e do inferno se congregaram na figura sinistra dum dos maiores e mais sanguinários ditadores da história da humanidade para invadir a Ucrânia e varrer do mapa aquele país vizinho que apenas reivindica o direito de ser feliz e viver em paz a sua liberdade, em que mais um ano os sinos das igrejas não puderam repicar de alegria para anunciar a ressurreição do Senhor, penhor da vitória da vida sobre a morte e da nossa própria ressurreição, para que o sacrifícios deste povo mártir não sejam em vão, nunca como agora foi tão importante e necessário que o mundo livre, (também no seu próprio interesse), antes que seja demasiado tarde, faça tudo o que tem obrigação e lhe for possível fazer para as travar, ajudando ao mesmo tempo o povo ucraniano a reforçar a coragem, fortalecer a fé e manter a esperança num futuro melhor a que têm pleno direito.
Será fácil? Não, decididamente que não vai ser nada fácil, ficando tudo tanto mais difícil, quanto mais tempo durar esta invasão devastadora, que não poupa nada nem ninguém, filha do ódio sem limites e da fúria assassina do iconoclasta insaciável que a desencadeou, apoiado servilmente pela gigantesca classe de oficiais superiores das “suas forças armadas”, sempre atentos e veneradores, disciplinadamente à espera das migalhas com que a sua magnanimidade os vai contemplando e, como já foi sobejamente repetido, escudado na ganância incontrolável da turba multa de oligarcas parasitas, como ele de bem com a vida, a viverem lauta e faustosamente bem instalados à mesa farta e generosas,(para eles) do orçamento, que com ele dominam e controlam as finanças públicas, a economia e toda a atividade produtiva daquele país de cento e quarenta milhões de habitantes, muitos dos quais, vítimas de um obscurantismo inadmissível no século XXl, vegetam num presente de enormes privações e sem perspetivas dum futuro melhor.
Mas isto é hoje, porque, como dizem os cegos, amanhã veremos.

Edição
3880

Assinaturas MDB