A opinião de ...

Volta, Volta…de Bicicleta!..

Confesso que não sou um aficionado pelo ciclismo, nem pelas bicicletas. Quem sabe, um dia destes, me entusiasme e também me dedique, ludicamente, à prática de uma qualquer modalidade decorrente do uso da bicicleta. No tempo, com tempo, tudo pode acontecer. Para começar, já tenho bicicleta, o que já é satisfação de uma condição imprescindível.
Não obstante esse meu distanciamento em relação à prática do ciclismo ou ao uso da bicicleta, não deixo de considerar que se trata de uma prática transversalmente interessante. Entendo, até, que serão poucas as pessoas que ficam indiferentes à atividade ciclista. Claro está, mesmo sem o apoio institucional, nem a promoção e mediatização de que outras modalidades desportivas usufruem. Mesmo assim, não há dúvida que são muitos os praticantes e que uma prova de ciclismo se torna apelativa e arrasta multidões.
Neste contexto, jamais esquecerei as Voltas ao Distrito de Bragança, que acompanhei como jornalista. Foram dias inesquecíveis, de enriquecimento humano ao nível do conhecimento, pessoal e social, do lazer, do convívio e da animação. Entusiasmo é que nunca faltava, sendo certo que para levar por diante esses prestigiados eventos, muita gente trabalhava. Por amor à camisola, diga-se em abono da verdade. Para promoção e divulgação da modalidade e da região. Atrevo-me a dizer que o nosso prestigiado ciclista brigantino, Ricardo Vilela, também será, pelo menos um pouco, fruto do que se fez, desinteressadamente, pelo ciclismo, no nordeste transmontano, há uns anos atrás.
Vem isto a propósito da passagem por Bragança, capital de distrito, de mais uma edição da Volta a Portugal em Bicicleta, depois de um interregno.
É certo que, por vezes, somos críticos ferozes, diria mesmo, implacáveis, em relação à realização de determinados eventos na cidade e na região. Se calhar, num ou noutro caso, de forma pouco sustentada. Todavia, devo reconhecer que a aposta neste mediático evento desportivo, de dimensão nacional e internacional, acabou por ser uma excelente promoção da cidade de Bragança, não só pela presença de toda a comitiva e meios inerentes, mas também pelo que decorreu da passagem e término de uma etapa, não podendo também ser menosprezados os efeitos promotores de um programa de televisão em direto, durante a maior parte do dia. Aqui pode ser discutível o guião que foi seguido. Mas certo é que muito do que é nosso foi mediatizado e positivamente divulgado. Penso, por isso, que a verba dispendida com a Volta, pela Câmara Municipal de Bragança, terá sido um investimento válido e não uma quantia perdida. Se tivermos em conta a relação entre os efeitos promocionais e mediáticos decorrentes desse acontecimento e a verba atribuída, não haverá dúvida que, certamente, noutros contextos, mesmo desportivos, o retorno é incomparavelmente menor, quer em termos de sustentabilidade, quer no que toca à animação e motivação de gente para conhecer e visitar a região.
Por outro lado, não podemos esquecer, devendo até ser merecedor do nosso orgulho, a presença, no lote dos consagrados ciclistas, do nosso Ricardo Vilela, ao qual o município em particular e os brigantinos em geral souberam apoiar e reconhecer o mérito. E a ninguém terá passado despercebida aquela magnífica imagem, de louvável criatividade, com que a nossa cidade homenageou o Ricardo Vilela, patente no Trinta. Até só pelo facto de termos na Volta, este ciclista de grande prestígio nacional e internacional, já valeu a pena ter sido acolhida, e muito bem, na capital nordestina. Com efeito, além de ser uma aposta ganha, considero que foi uma aposta conseguida. Por isso, volta, Volta a Portugal em Bicicleta!...

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3536

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