Eu sou antirracista
esde miúdo que me interrogo pela enorme diversidade do ser humano, quer do ponto de vista da cor, quer do ponto de vista da cultura e, sobretudo dos valores.
esde miúdo que me interrogo pela enorme diversidade do ser humano, quer do ponto de vista da cor, quer do ponto de vista da cultura e, sobretudo dos valores.
No dia 23 de Abril de 2023, celebrou-se o “Dia Mundial do Livro e dos direitos de autor” e, para alegria e surpresa minha, o Agrupamento de Escolas de Mogadouro, convidou-me para ser eu a fazer, na Biblioteca Escolar de Mogadouro, no dia 20 de Abril (o dia 23 era um domingo), uma sessão sobre leitura, apresentação de obras e a importância dos direitos de autor. Esta sessão destinava-se, como público-alvo, aos alunos do ensino secundário.
sta desertificação do Nordeste Transmontano assusta-me profundamente, pois vivo aqui há mais de quarenta anos. Quando para cá vim viver (eu sou do distrito de Viana do Castelo), há mais de quarenta anos, estas terras pareciam-me dignas de um bom futuro digno. Lembro-me de ver grandes filas de tratores, desde a vila de Mogadouro, até aos silos que, ainda existem, na estação de Mogadouro, para receberem as suas cargas de cereais. A minha primeira escola, como professor de História, foi em Sendim (concelho de Miranda do douro) em que tive o privilégio de conhecer a Língua Mirandesa.
Uma vez que já estou reformado, hoje lembrei-me da primeira vez que vim a Mogadouro, ainda namorava eu com a minha mulher e ela quis que eu conhecesse a sua terra. De Mogadouro, só conhecia “Os Meus Amores” de Trindade Coelho, livro que o meu querido avô e padrinho materno me ofereceu, era eu ainda muito jovem e que eu adorei ler. Saímos do Porto, onde estudávamos na Faculdade de Letras, num pequeno “autocarro” que então existia numa empresa de Mogadouro e, começamos a viagem.
“Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más – mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito, não temos, dinheiro também não – pelo menos o Estado não tem – e homem não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela política. De sorte que esta crise me parece a pior – e sem cura.”
Eça de Queirós, Correspondência (1891)
Vivo em Trás-os-Montes já lá vai para mais de quarenta anos. Fui professor de História e, sem ler livros de História, Arqueologia e Etnografia, não podia ensinar aos meus alunos, como eu gosto de ensinar. Adoro ler livros, são a minha paixão e, para meu desgosto, vejo que aqui no Nordeste Transmontano, que há cada vez menos livrarias. Os livros são para mim, os meus melhores amigos, pois com eles aprendo muito do que sei e, sobretudo, aquilo que quero saber. Agora, que já estou aposentado, passo os meus dias a ler e escrever, escrever e ler, e a minha companhia diária, são os livros.
Apesar de ter mais de sessenta anos, tenho saudades do tempo em que o professor primário (sobretudo as professoras, pois estas eram em maior número) era, a par do senhor padre, das pessoas mais consideradas na aldeia, na vila, ou mesmo na cidade. E isto devia-se a muitas razões, à nobreza da sua profissão, ao prestígio da sua missão social, ao carinho que dedicavam aos seus alunos, mas sobretudo à sua entrega, ao trabalho e empenho que punham no ensino. Os alunos saiam da escola dita “primária” a saber.
Temos assistido nos últimos tempos em Portugal a uma imensa greve dos professores da escola pública, a que se juntaram também os funcionários e outros auxiliares da educação, diga-se que é uma greve mais do que justa. Para além de ser uma greve altamente justa, que só peca por tardia, quer repor, não só o respeito, como a dignidade da educação no nosso país. Na realidade, os professores têm sido prejudicados, em vários aspectos na sua nobre missão de educadores, já há muitos anos. Eu, como docente, felizmente já aposentado, sou testemunha disso mesmo.
Aristides de Sousa Mendes foi um verdadeiro herói, que muito prestigiou, e continua a prestigiar, o nome de Portugal, ao salvar muitos judeus (e não só…) da morte, nos campos de concentração construídos pelos nazis, quando ele era cônsul de Portugal em Bordéus. É pena que seja ainda pouco conhecido, por isso, hoje vamos falar, com todo o prazer, um pouco da sua personalidade verdadeiramente humanista. Penso que cada terra portuguesa devia ter uma Praça ou rua com o seu nome. Era mesmo muito justo. Mas quem foi Aristides de Sousa Mendes?