Dá que pensar... Não vale tudo...
Dois anos de pandemia deveriam ser suficientes para pensarmos naquilo que queremos, naquilo que somos e naquilo que andamos cá a fazer. Mas parece que não chegam.
Continuamos a ver pessoas que se acham eternas, insubstituíveis, para quem o mundo e a vida giram á sua volta e se comportam como se fossem os donos disto tudo.
Dizendo que vivemos em democracia ainda não fomos de deixar de ser uma sociedade salazarista e corporativa ou uma sociedade comandada por várias corporações.
Vemos as corporações partidárias ou partidos políticos mais preocupados em agradar a determinados grupos do que em resolver os problemas que afectam a sociedade.
Vemos as corporações sindicais – sindicatos ou centrais sindicais mais preocupados com o «queremos» o «temos direito» do que com a real situação das empresas públicas ou privadas.
Vemos muitos a exibirem carros «topo de gama» como que a dizer-nos que são detentores de estatuto económico, financeiro ou social mas que, no dia a dia, se comportam como autênticos pedintes de honradez, seriedade ou honestidade. Como se a ostentação fosse ou desse estatuto a quem nunca o soube ter. Mas ainda bem que não é assim.
Se assim fosse o Sr. José Mujica nunca teria sido presidente do Uruguai. Depois de ter sido guerrilheiro durante a ditadura que governou aquele país da américa latina (antiga colónia portuguesa de Sacramento), foi ministro da agricultura e, mais tarde, presidente da República do Uruguai. Deslocava-se num VW (carocha) azul celeste para o palácio presidencial que ele próprio conduzia e sem escolta. Ao regressar do palácio agarrava-se a um tractor massey fergunsson (vermelho e sem tracção) para trabalhar os terrenos à volta de sua casa. Mas estes exemplos as televisões não mostram. Se calhar a corporação gay não deixa...
Continua a haver quem pense que é muito mais importante ter do que parecer.
Continua a haver quem pense que o infortúnio e a necessidade só acontecem aos outros.
Hoje a amizade está como o preço da gasolina. Quase ninguém lhe chega ou só a vemos quando nos convém.
Hoje a honestidade quase só se vê de binóculos.
Hoje a seriedade connosco e com os outros é como os anos bissextos que muito prometem no dia 1 de janeiro...
Somos lestos a apontar o dedo a quem não nos passa cartão ou a quem nos ignora mas não somos capazes de perguntar «o que é que eu fiz a esta pessoa».
Queremos abraçar o céu com a terra mas não gastamos 1 h para perguntar a Deus se é possível este desejo.
Gastamos mais tempo a mostrar-nos do que a ajudar os outros.
Gastamos mais tempo e somos mais ligeiros a julgar os outros do que a sermos capazes de ver aonde é que nós erramos.
Mas resta-nos a consolação de sabermos que estes são, de facto, uma minoria que embora muito barulhenta ainda não conseguiu convencer os demais a seguir o seu exemplo.
Mas há verdades absolutas.
Por isso eu acho que não vale a pena lavar a cara a um burro preto porque ele nunca ficará branco.
Valha-nos ao menos isso!