A opinião de ...

Migrações Brasil-Portugal: é tempo de reescrever a nossa história comum

Não há dúvida que este “Portugalzinho” de agora é mesmo um espanto.
Enquanto, com rara habilidade,(e esta qualidade de emérito prestidigitador circense não há como negar-lha) o governo de maioria foge, como o diabo da cruz, da sua obrigação de resolver as grandes questões que condicionam o nosso presente e ameaçam comprometer seriamente o nosso futuro, dia sim dia sim, vai malbaratando os recursos do país, e o seu/nosso tempo, brindando-nos com novas surpresas, cada qual a mais igual a cada qual.
Já é azar demais, dirão uns, e qual é o problema, dirão outros, desde que desta estratégia siamesa e bem concertada, nascida, criada e alimentada ali para os lados de S. Bento/Belém, à semelhança do que aconteceu nas recentes comemorações do passado dia 10 de junho com a analogia grotesca da poda das videiras, continuem a surgir, como no outono os cogumelos dos lameiros, casos, casinhos e casões para o povão se entreter, distrair e rir à valentona.
A este propósito, repare-se na fanfarronice dum ministro que só lá chegou porque seria a única pessoa certa para disfarçar o rombo gigantesco aberto na credibilidade do governo pelo espalhanço, às quatro, do ex-ministro Pedro Santos e para, mais ainda, abstraindo-se dos seus interesses pessoais imediatos, desempenhar as tarefas de escudeiro atento, devotado e venerador do seu chefe, enquanto tal for necessário e útil para proteger os flancos mais desguarnecidos e problemáticos do reino do seu senhor, e depois… logo se verá.
Entretanto, sem qualquer perspetiva de resolução de problemas em áreas nevrálgicas e vitais como a situação escandalosa da TAP, a crise demográfica, o custo de vida, a justiça, o ensino, a saúde, a economia, etc. etc., como isso não fosse já “areia a mais para a camioneta” dum país como o nosso, continuam a aparecer outros, talvez menos visíveis mas não menos importantes, como a situação de muitos imigrantes, com especial interesse para os muitos milhares de imigrantes brasileiros, cujo calvário para conseguirem a legalização, não raro, pode arrastar-se durante mais de dois anos, massacrados nos meandros duma burocracia cega e anacrónica, sem o mínimo respeito para pessoas às quais, com inqualificável hipocrisia e falta de vergonha na cara, quando nos convém, temos a lata de, orgulhosamente, continuar a pavonearmo-nos considerando-as como nossos irmãos.
Sem pretender menosprezar seja quem for, no interesse dos dois povos, exige-se de todas as autoridades responsáveis dos dois países que façam tudo o que lhes for possível para os ajudar a ultrapassar as dificuldades com que se debate a atual e numerosa comunidade brasileira que, para ajudar a reescrever a nossa história comum, escolheu Portugal para viver e trabalhar.

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