A opinião de ...

Adriano Moreira: 100 anos de vida, 80 de pensamento político

Não sou a pessoa mais indicada para escrever sobre o perfil do homem, sobre a sua obra académica e sobre os seus pensamento e acção políticos, mas sinto em mim o dever de saudar um transmontano nunca renegado que fez da transmontaneidade e da transatlanticidade uma arte de viver e uma ética universal. Para esta nota, utilizo como fontes essenciais o artigo da Wikipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Adriano_Moreira e o artigo de Filipe Luís em VISÃO, nº 1539, (1/9 a 7/9 de 2022), pp. 54-59.
A 6 de Setembro de 1922, nasceu, em Grijó de Vale Benfeito, Macedo de Cavaleiros, uma criança de nome Adriano José Alves Moreira, filho de um agente da Polícia, António José Moreira, e de sua esposa, Leopoldina do Céu Alves.
Concluídos os estudos liceais no Liceu Nacional de Bragança, seguiu para Lisboa, para cursar Direito, curso que haveria de concluir na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1944.
O jovem Adriano Moreira, após vários cargos de topo na General Electric, é influenciado por Teófilo Carvalho dos Santos, orientador do seu estágio em advocacia e oposicionista ao Estado Novo e, com aquele, adere ao MUD (Movimento de Unidade Democrática) candidatando-se à Assembleia Nacional, em 1945. A colaboração com aquele advogado iria conduzi-lo à defesa jurídica de vários oposicionistas ao Estado Novo, destacando-se o general José Marques Godinho, que intentou o golpe «Abrilada, em 1947. Na sequência, em 1948, Adriano Moreira é preso na cadeia do Aljube onde conhece Mário Soares.
Saído da cadeia, reaproxima-se realisticamente do Estado Novo e, face à sua craveira intelectual e produção académica, «Salazar chamou-o para Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, em 1959, e para Ministro do Ultramar, em 1961, cargo em que se manteve até 1963» (https://pt.wikipedia.org/wiki/Adriano_Moreira), fazendo aprovar decretos e leis a proteger a dignidade e o estatuto social e laboral dos indígenas até que Salazar o chamou para «mudar de política em relação ao Ultramar se não tenho de mudar o Ministro» ao que Adriano Moreira terá respondido «Vossa Excelência acabou de mudar de Ministro» (Visão nº 1539: 59 e afirmado pelo próprio Adriano em conferência, em Bragança).
Dedica-se então à vida académica, sobretudo ao já fundado por si Instituto de Estudos de Ciências e Políticas Ultramarinas, hoje Instituto de Estudos de Ciências Sociais e Políticas constituindo esta área do saber como campo teórico autónomo do Direito. O intelectual Adriano Moreira era chamado por todas as universidades portuguesas, brasileiras e espanholas para conferências e palestras.
O «25 de Abril» fê-lo exilar-se no Brasil temporariamente mas Basílio Horta e o CDS fizeram-no regressar para a vida política e para a vida académica, em Portugal, em 1976. Retirou-se da vida política em 1980 dedicando-se exclusivamente à vida académica, atingindo um fulgor intelectual raramente visto que, em Bragança, Jorge Nunes soube cativar e homenagear concentrando o espólio adrianista na Biblioteca Municipal Adriano Moreira e no Museu com o mesmo nome.
Obrigado, Adriano Moreira.

Edição
3890

Assinaturas MDB