Miranda do Douro

Município promove de 03 a 04 de dezembro seminário “Capa de Honras, do saber fazer à marca identitária”

Publicado por Francisco Pinto em Ter, 2022-11-29 10:37

O município de Miranda do Douro, promove de 03 a 04 de dezembro o seminário "Capa de Honras, do saber fazer à marca identitária" desta peça de vestuário tradicional.

O foco da iniciativa é a candidatura desta peça de vestuário que foi submetida ao Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial e que de origem medieval, mas que ainda hoje está em uso no Planalto Mirandês.

“A Capa de Honras é uma das mais emblemáticas peças do vestuário tradicional português, com uma dimensão identitária única. As gentes desta região fizeram desta peça de vestuário um símbolo da “proua” (garbo) dos mirandeses, sendo hoje reconhecida como uma das mais representativas marcas identitárias da Terra de Miranda”, indica o município transmontano, em comunicado.

De porte majestoso, as origens da Capa de Honras remontam aos tempos medievais, derivando da capa de “asperge ou capa pluvial”, inicialmente utilizada por clérigos e dignitários eclesiásticos. Com o passar do tempo passou para os pastores e depois para a burguesia.

A capa de Honras Mirandesa vai continuar a ser perpetuada no tempo com várias manifestações como a do estilista português Nuno Gama, que já se tinha inspirado na capa mirandesa para a apresentação da sua coleção durante a ModaLisboa 2018.

Também o designer francês Christian Louboutin se inspirou na Capa de Honras Mirandesa para a apresentação de uma das suas coleções, em 2019.
Em fevereiro de 2019, o Papa Francisco vestiu uma Capa de Honras oferecida pelo município de Miranda do Douro.

De um agasalho de guardadores de gado até uma peça de vestuário que "está na moda", a tradicional Capa de Honras Mirandesa está a conquistar espaço num panorama do vestuário tradicional português, onde se confeccionam chapéus, capas, carteiras e outras indumentárias que são usadas um pouco por todo o país e Europa, tanto por homens como por mulheres.

Atualmente, é apenas utilizada em cerimónias protocolares ou atos de importância relevante. No entanto, é usual oferecer uma capa de honras às pessoas distintas que visitam o município de Miranda do Douro.

A Capa de Honras Mirandesa, feita de pardo ou burel (lã de ovelha), é já utilizada pelos noivos no dia de casamento.

De acordo com o historiador António Rodrigues Mourinho, a origem da capa de honras mirandesa remonta aos séculos IX ou X, portanto medieval, tendo origem na “capa de chiba” que, traduzido do espanhol para português, quer dizer “capa de cabra”.

Segundo o historiador, apesar de se pensar que esta peça 'sui generis' ser de origem medieval, só há dois documentos conhecidos até agora que referem este tipo de capa e são datados de 1819 e 1828.

O número de capas de honras mirandesa "é indeterminado". No entanto, ao longo dos tempos "muitos exemplares foram feitos" e transitaram de geração em geração, assumindo-se como um valor familiar de relevante importância.

Este património, está igualmente associado às regiões espanholas de Aliste e Zamora, onde há muitas semelhanças entre as capas já que é apenas uma linha de fronteira que separa os dois povos

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