A opinião de ...

Um alerta aos olivicultores: a Xylella fastidiosa

Hoje, 18-08, voltei a ver uma referência escrita a esta praga, desta vez no Caderno 2 de Público. Está a dizimar o olival na Europa, particularmente no sul mediterrânico do Continente. Chamaram-lhe Xilella fastidiosa e infesta as oliveiras de uma forma violenta levando-as à morte por seca dado que infesta primeiro as folhas e, a partir delas, contamina a seiva da planta actuando como um herbicida.
Aparentemente vinda da China, a praga dizimou a maior parte das espécies dos olivais do sul da Itália, propagou-se a Espanha e já destrói oliveiras em Portugal, particularmente no sul. Felizmente, em Itália, constatou-se que há algumas espécies de oliveiras que são resistentes à doença mas eu não sei quais nem o artigo as refere.
A doença é difícil de identificar na sua manifestação pois é idêntica ao comportamento da árvore quando tem pouca água disponível. As folhas das extremidades dos ramos da árvore começam a ficar amarelas e, progressivamente, amarelecem as folhas todas da árvore.
Não há ainda um antídoto eficaz contra a doença apesar de, já há cinco anos, os responsáveis pela Universidade de Bári, no sul da Itália, terem desencadeado processos de investigação com vista a conhecer a praga e a identificar as suas características e formas de ataque às árvores.
Na ausência deste antídoto, restar-nos-á fortalecer as árvores com estrumes, adubos e água bastante, de modo a que tal como um ser humano saudável e bem alimentado, desenvolva anticorpos a ataques externos.
Outro cuidado a ter é o de não aplicar herbicidas nas terras onde haja oliveiras pois eles produzem efeitos idênticos aos da Xylella nas folhas dos ramos mais baixos das árvores gerando confusão sobre a origem da seca de tais folhas. De resto, o herbicida é sempre prejudicial às árvores por ser facilmente absorvível pelo solo e as oliveiras «pastarem» muito à superfície do mesmo. De qualquer forma, o herbicida é sempre prejudicial ao ciclo vegetativo das plantas e, por consequência, entra também facilmente na cadeia alimentar, tanto das plantas como das diferentes espécies de animais, entre as quais, a dos humanos.
A importância da oliveira na economia das gentes de Portugal e, particularmente, das do sul do Distrito de Bragança, deve levar-nos a desenvolver todos os esforços no sentido de conhecermos a origem e actuação da doença. Penso que o IPB poderá ter um papel importante nesta investigação. E, provavelmente, já a deve ter iniciado.
De resto, a doença não está a afectar só as oliveiras mas também as amendoeiras. E veremos se se fica por aqui.
Será útil que vamos passando informação. Pela minha parte, estou sempre contactável em hc-ferreira@hotmail.com. Não sendo um conhecedor da área, posso, pelo menos, fazer circular a informação.
Por isso, espero que este artigo gere discussão, seja aperfeiçoado e, se necessário e útil, contestado.

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3744

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