A opinião de ...

De novo a Língua Portuguesa

Felizmente, com muito empenho e grande satisfação, aprendi a escrever com grandes e ilustres escritores portugueses, desde o classicismo até à contemporaneidade.
Se bem que, na escrita, obviamente, não tenha conseguido acompanhá-los na sua grandeza (vendo-me apenas um dos seus mais humildes aprendizes), alguma lição colhi deles para, ao menos, procurar expor, com alguma clareza, tudo quanto deixo registado no papel, enquanto me confesso defensor acérrimo da Língua que todos eles tanto enriqueceram e respeitaram! E também por respeito para com ela, me vi na obrigação de escrever esta humilde opinião que, há muito, tem vindo a insistir comigo para que venha a ser revelada.
Assim, devo dizer que não me revejo em alguma escrita que vou lendo nas horas reservadas a aumentar os meus conhecimentos, e a atualizar as informações do dia a dia, tal como não me sinto muito bem, quando oiço, nos audiovisuais, palavras, frases e expressões que, sem menosprezo de quem estou a ouvir, me levam a pensar se, a par das notícias que me vão chegando, não será de cuidar um pouco da maneira de as dizer e escrever.
Todos os dias procuro seguir a rubrica “Bom Português” da RTP1.
Há uns meses, opinei aqui sobre esta rubrica, afirmando ser pouco o tempo dedicado a um tema como este. Porém, não posso deixar de concordar com o bom resultado que me parece ter vindo a ser conseguido. Eu próprio, duvidando de como se escreve esta ou aquela palavra, só fico convencido depois de ser apresentada, dita e escrita, de forma correta.
Para saber dizer bem, procurei e tenho procurado ouvir locutores e apresentadores da rádio e da televisão que, pela sua boa dicção, muito admirei e vou admirando.
Gosto de ouvir declamar João Vilaret, bem como apreciar os bons atores a articular muito bem as palavras (todas até ao fim da frase), em voz audível, para que o texto seja entendido na sua pureza.
Tenho, na minha biblioteca, uma antologia de 1970, do autor brigantino Dr. Hirondino da Paixão Fernandes, intitulada “Aprendamos a Dizer”, que, enquanto professor, deu a conhecer aos seus alunos, a melhor forma de dizer, através de gravação dos textos nela incluídos, com intérpretes como, entre outros: José Mário Branco, Ary dos Santos, Villaret, Carmen Dolores, Assis Pacheco, Jograis de S. Paulo, Miguel Torga, Eugénio de Andrade, José Gomes Ferreira, Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro.
Não duvido desta tão eficaz atividade para os alunos, como também não duvido da grande influência de uma atividade idêntica para os que, talvez por falta de cuidado, ou pela rapidez com que pretendem informar, nos levam a adivinhar o conteúdo da informação.
Por outro lado, não deixando de respeitar as opções de cada um, sinto-me posto de lado quando, em alguns programas à base de canções, a maior parte dos participantes se serve de uma língua estrangeira, (sobretudo o inglês); como igualmente, já não sei em que ano, o nosso concorrente ao Festival Europeu da Canção, também cantou em inglês.
É sobejamente conhecida a expressão de Pessoa: “A minha Pátria é a Língua Portuguesa”, com a qual estou perfeitamente de acordo. Lembremo-nos da Língua Oficial da CPLP espalhada por quatro continentes, a qual, constituindo um elo de união, claramente nos transmite a certeza de que todos fazemos parte da mesma família.

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3892

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