A opinião de ...

O sistema e os seus valores

Há alguns meses atrás empolgou-se o espaço mediático com a detenção de Berardo. Uma vez mais, não por fatalidade do destino, o foco da questão centra-se no …fulano ; e uma vez mais descarrega-se na justiça, a responsabilidade de resolver problemas que, na essencia são, sobretudo, de natureza politica. É coisa que passa ao lado do frenesim noticioso, onde as questões envolvendo a “finance” são sempre circunscritas à actuação do e responsabilidade do sujeito A, B; ou C ou do regulador, nunca jamais adstritas, à estrutura do sistema, muito menos ao modo, à forma, ao contexto em que os Bancos participam no circuito económico, desde as trafulhices do BPN, passando nas opacidades do Banif e culminando na tragédia do BES, existe um fio condutor que põe a nua natureza sistémica do problema materializado, em primeiro plano, na enorme promiscuidade politica com os agentes rodando por entre governo, Bancos e reguladores, num segundo momento, com a tomada de posições relevantes pela “grande família dos interesses” os herdeiros económicos do fascismo. Berardo, por anos a fio foi levado ao colo pelos jornaleiros da praça, o mesmo sucedeu com Salgado e o seu imenso império de papel, agora caído em desgraça.
Mas os mandatários do Povo cumpre perceber que a crença cega neste regime de autoregulação constitui uma absoluta tragédia para o País; impõe-se evitar que esse “sector económico não vai a caminho de “comer” o erário público todo, até que mais nada neste para fazer face ás normais funções do Estado, ora, porquanto é tão imensamente rico, que tudo pode comprar, tão demasiadamente rico para cair, ou tão fundamentalmente à economia que o seu colapso pode arrastá-la toda atrás de si.
Uma coisa é certa, os “fulanos” são os menos importantes de tudo isto.
Finalmente nestes primeiros dias de junho o senhor Berardo prepara-se para pedir indemnização aos Bancos por terem acabado com os acordos do seu Museu por parte do Governo realmente só visto.

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