Editorial - António Gonçalves Rodrigues

Falta o envelope, senhor Ministro

Depois de uns anos de crise, em que o número de candidatos ao Ensino Superior se ressentiu, os últimos dois anos são de recordes.
A retoma económica que o país vinha conhecendo, sobretudo desde 2016, permitiu algum desafogo quer às famílias dos jovens estudantes quer aos adultos que nunca perderam de vista o objetivo de se valorizarem através de um curso ou mestrado.
Com o aparecimento da pandemia de covid-19, poderia pensar-se em novo retrocesso mas os números apontam para a manutenção do crescimento de alunos nas universidades e politécnicos.


Quo Vadis, sociedade?

As redes sociais são um local cada vez menos recomendável. Em tempo de eleições autárquicas, esse fenómeno ganha especial relevo, com a proliferação de perfis falsos que mais não querem do que criar confusão.
Mas nem só desses perfis se alimentam.
As redes sociais mais não são do que uma pequena janela para o mundo, não são dos postos de observação mais abrangente.


As eleições que são diferentes de todas as outras

As eleições são todas iguais. Há pelo menos um candidato, há aqueles que votam. Os votos são contados e, no final, ganha aquele que tiver mais votos (ou, como nos EUA, mais delegados eleitos e não necessariamente mais votos populares).
No entanto, pelo menos em Portugal, há umas que são mais iguais do que as outras.
É o caso das eleições autárquicas que, pelo seu caráter de proximidade ao cidadão e do cidadão candidato, ganham uma carga emocional e uma tensão muito superior às restantes (mesmo as dos clubes desportivos).


Serviço público e servir-se do público

O serviço público tem sido um tema cada vez mais recorrente nas notícias de telejornal, sobretudo com as diatribes do ministro Cabrita.
Eduardo Cabrita será, mais dia menos dia, mais uma vítima do cargo de Ministro da Administração Interna (uma das pastas que mais ministros devora) e das suas próprias fragilidades humanas após vários anos a pairar pela política.
Desde o acidente mortal em que o carro em que se fazia transportar aconteceu, a atenção focou-se na facilidade com que vários titulares de cargos (e carros) públicos quebram os limites de velocidade.


O fumo e o fogo

O dia de terça-feira ficou marcado pela notícia de buscas da Autoridade Tributária relaciolnadas com a venda das barragens da EDP e do não pagamento de imposto de selo no valor de 110 milhões de euros.
Ao longo de vários meses, diversas entidades (deputados, partidos, movimento de cidadãos) têm feito eco do sentimento de injustiça que o Nordeste Transmontano vive pela não compensação que se crê devida por este negócio de transmissão de património de todos os portugueses.


A oportunidade que se perde

Bragança acolheu, no passado fim de semana, um encontro de empreendedorismo jovem com troca de experiências entre o Norte de Portugal e a Galiza (Espanha), organizado pela Federação Nacional das Associações Juvenis.
Não deixa de ser sintomático que este encontro tenha decorrido em Bragança, um distrito que, ao longo da última mão cheia de anos, tenha perdido cerca de metade das suas associações juvenis (atualmente são 37).
Um problema que, digo eu, se vai agudizar ainda mais e que se alastra a outras vertentes da sociedade, como a participação política dos jovens.


Serviço público está fora de moda

De acordo com a Fundação Francisco Manuel dos Santos, numa publicação sobre direitos e deveres dos cidadãos, o serviço público é o conjunto de atividades e tarefas destinadas a satisfazer necessidades da população. Esses serviços são normalmente prestados por entidades de natureza pública, mas também podem ser assegurados por entidades de natureza privada ou mista, sob fiscalização do Estado.


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