Exercícios para a mente: o papel fundamental dos jogos
A história dos jogos é quase tão antiga quanto a própria humanidade. De facto, acredita-se que o Homem tenha começado a jogar ainda na pré-história, usando ossos. No entanto, as primeiras evidências relacionadas com os jogos remontam, de facto, à Idade do Bronze, há quase 7000 anos.
No âmbito e no sentido de ilustrar a evolução de alguns jogos ao longo dos tempos (desde o Séc. III a.C. até ao Séc. XX), a Universidade de Lisboa tem a decorrer uma exposição de longa duração, onde podemos conhecer (e jogar) vários jogos, evidenciando que muitos deles se baseiam em teoria matemática e até astronomia, implicando, dessa forma, o pensamento estratégico e o raciocínio abstrato.
Os jogos tradicionais
Assim, e conforme o demonstra claramente a exposição da Universidade de Lisboa, ao longo dos tempos, vários povos, em diferentes localizações geográficas, foram desenvolvendo os seus jogos e integrando-os na sua herança cultural própria. Contudo, com o passar do tempo, alguns desses jogos foram caindo em desuso, ficando apenas na memória coletiva dos povos.
Para prevenir estas perdas identitárias, atualmente, são bastantes as iniciativas desenvolvidas com o objetivo de manter vivas essas tradições culturais, não deixando morrer os jogos tradicionais e regionais e permitindo o convívio próximo de várias gerações de comunidades.
Jogar para manter a mente ativa
Atualmente, sabemos que além constituírem património cultural, de servirem para passar o tempo e nos manterem entretidos, os jogos são igualmente úteis para a preservação de uma mente ativa e saudável, contribuindo para estimular a nossa memória.
Efetivamente se é uma verdade universal que a prática de exercício físico é benéfica para a nossa saúde física, recentemente, a investigação tem vindo a apurar que os jogos são positivos para controlar a ansiedade e relaxar, sendo, nessa medida, vantajosos para a mente. Mas as descobertas não se ficaram por aqui.
Na verdade, vários estudos recomendam hoje que passemos, pelo menos, quinze minutos diários a jogar, por exemplo, palavras-cruzadas, xadrez, sudoku ou poker, pois todas essas são atividades importantes no sentido de manter ativa a parte cognitiva do nosso cérebro.
Efetivamente, parafraseando Sócrates, não é o trabalho que envelhece, mas sim a ociosidade, pelo que o segredo para a preservação de uma mente ativa parece ser realização a longo prazo de atividades que sejam desafiantes para o nosso cérebro, obrigando-o a fazer um esforço em atividades lúdicas que nos proporcionem prazer e, por isso, mantenham o nosso interesse.
Assim, os benefícios resultantes do exercício mental que os jogos nos permitem são semelhantes aos que derivam da prática de exercício físico para o nosso corpo, visto que nos ajudam a exercitar a mente.
O xadrez
O jogo de xadrez exige que o jogador memorize jogadas (as suas e as do adversário), antecipando igualmente quer as próprias jogadas, quer as do adversário, para, numa visão global do jogo, conseguir determinar que movimentos serão necessários para alcançar a vitória. Assim, o xadrez exercita, por um lado, a memória e, por outro, a capacidade estratégica da antecipação. O acesso fácil ao jogo e às suas regras também o tornam uma proposta aliciante para este desenvolvimento mental.
O poker
No caso do poker, jogar envolve a memorização das regras do jogo, das cartas jogadas, a realização de cálculos de probabilidades com base nas mesmas, a elaboração de estratégias e a leitura da linguagem corporal dos adversários, o que implica necessariamente, uma atitude astuta e atenta em relação ao que nos rodeia.
Todavia, o desenvolvimento e coordenação destas competências são mais acessíveis do que pode parecer à primeira vista e o primeiro passo é, como em todos os jogos, sem dúvida, o domínio das regras.
Assim, o acesso a todas as regras compiladas de forma clara e concisa torna-se extremamente útil tanto para os jogadores que vão experimentar o poker pela primeira vez, como para aqueles que pretendem rever a matéria dada, em caso de dúvidas num determinado momento do jogo ou em fase de planeamento estratégico prévio.
O objetivo é garantir que, quer opte por adotar uma abordagem matemática do jogo (usando cálculos e probabilidades para fundamentar estratégias) ou uma tática mais intuitiva e psicológica (que passe pela observação dos adversários), as suas bases de jogo estejam consolidadas.
Pois bem, se compararmos as competências necessárias para jogar quer xadrez, quer poker, constatamos que ambos requerem competências semelhantes e o que a investigação científica tem vindo a comprovar é que a aplicação destas capacidades faz as nossas células cinzentas mais felizes, o que potencia o nosso bem-estar geral.
Assim, graças ao seu aspeto social e à destreza mental que requerem (sejam os jogos tradicionais, nas nossas localidades) ou os jogos que jogamos online, torna-se claro que estes constituem uma ferramenta bastante interessante para o desenvolvimento e preservação da nossa mente, ajudando-nos a manter verdadeiramente "uma mente sã num corpo são".