A opinião de ...

Os jovens e o blá blá blá climático

Os jovens são capazes de fazer muito mais do que reter informações e aprender sobre as mudanças climáticas em curso.
Por isso, também não suportam tanto espetáculo de hipocrisia e os blá, blá, blá de promessas e compromissos demagógicos e ocos, de muitos responsáveis das nações, proferindo discursos de lindas e comoventes palavras como as do líder chinês Xi Jinping de pedir “mais apoio dos países ricos para a luta das mudanças climáticas”, mas que na prática dizem uma coisa e fazem outra completamente diferente, deixando quase tudo na mesma, cedendo a outros interesses envolvidos e instalados.
Atente-se como paradigma deste status quo, a decisão tomada por mais de 100 países em reduzir em 30% as emissões de metano no fim desta década, mas a qual não inclui precisamente a China, e já agora nem a Rússia, dois dos maiores emissores do planeta!
Por isso se vai vendo de um modo geral por todo o mundo e, por estes dias, especialmente, em Glasgow, na referida COP26, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021, a pressão dos jovens (para além dos cientistas, da sociedade civil, etc) demonstrada, entre outras formas, através de um desfile de mais de 100 mil pessoas, sábado, ao frio e à chuva, para que surjam melhores resultados na defesa do Planeta.
Assim tem acontecido também muito pela influência do Papa Francisco e o seu conceito de “Cuidado da Casa Comum – Laudato Si”, com as suas reflexões e apelos a “contemplar e cuidar, duas atitudes que mostram o caminho para corrigir e reequilibrar a nossa relação de seres humanos com a criação”.
É importante que esta pressão se vá verificando para haver acordos igualmente no carvão, na florestação, nas energias renováveis e sustentáveis, no desenvolvimento tecnológico, na maneira como se vão consumir os produtos, etc, para se conhecer, para se acompanhar, para se melhorar gradualmente e para que o blá, blá, blá não seja demagogia e sejam influenciadas as diferentes estruturas da sociedade, especialmente os Governos.
Os jovens percebem que esta é uma luta planetária e intergeracional e decisiva, para fazer surgir um paradigma novo nas relações entre países, com uma “realpolitik” ecológica que esteja no centro da vivência pessoal e social e que haja sanções para os países que não cumprem.
Vamos constatando ainda, com orgulho, que os jovens são capazes de apresentar propostas e soluções, realizar pequenas ações e até inspirar (e por vezes a obrigar mesmo) outras pessoas a mudar o seu pensamento e os seus estilos de vida.
Vamos sentindo isso nas Escolas, como primeira linha das suas reflexões e inquietações sobre os fogos, as ondas de calor, as cheias, a poluição, a ameaça a espécies, etc, pois também são sentidas nas suas vidas.
São defensores de ideias como a valorização da utilização de energias renováveis, a mobilidade mais responsável com o uso dos transportes públicos e que estes sejam gratuitos, a troca de boleias, a promoção da mobilidade em bicicleta, através de ciclovia, a construção de edifícios mais inteligentes, a diminuição do consumo de carne, a reciclagem, a sensibilização para a “não construção” junto do litoral, a criação do Dia Escolar da Bicicleta, etc.
No fim, o que se pretende, pois é crucial, é que se prossiga essa mudança de mentalidade a envolver o maior número de pessoas para se resolver a crise climática.
Necessitamos da criatividade dos jovens para curar o nosso planeta. Precisamos dos jovens para inovar e criar atitudes e gestos que estejam para além de onde estamos agora, a fim de podermos ser mais otimistas sobre o futuro.

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